terça-feira, 19 de maio de 2009

Sobre a Balada do 5º Ano Jurídico 88/89 (VIII) - Paulo Soares (Jojó)


O Fado de Coimbra - género cada vez mais nacional que começou na cidade do Mondego interpretado por gente um pouco de todo o país - tem vivido a sua própria evolução desde a sua génese. Essa evolução é marcada recentemente por dois fenómenos importantes: um deles é a organização da sua prática por Grupos de Fado, diferente do anterior modelo de Grupos de Guitarristas que acompanhavam cantores, tal como era usual na Coimbra dos anos 50 e 60; o outro é a adopção cada vez mais evidente do estilo pelas mais diversas academias do ensino superior e também por cultores completamente alheios a estes meios.
A Balada de Despedida do 5º ano jurídico de 89, «Capa Negra de Saudade» é um tema formalmente inovador que tem precisamente a ver com a expressão destes dois fenómenos. Pela primeira vez, um tema é composto para ser interpretado por duas vozes, aproveitando a organização de um grupo de Fados, o «Toada Coimbrã». Por outro lado, é um dos temas de composição recente mais interpretados por todos os que se dedicam a este género e até por Tunas Universitárias.
O tema exibe inequívocas qualidades melódicas e tem arranjo guitarrístico apropriado, mas é na sua letra que ganha a sua maior vantagem: reflecte emoções de qualquer estudante sem referir o nome de nenhuma cidade, o que o torna obviamente universal.
Pessoalmente, acompanhei de perto a sua estreia na serenata da Queima das Fitas de 89, na qual toquei no grupo Praxis Nova que também estreou outra balada de despedida, a de Economia, composta pelo José Rabaça. E ainda hoje a amizade me liga aos seis elementos do grupo Toada Coimbrã, contemporâneos de Universidade e amigos de sempre.
Resta-nos desejar que a fonte criativa destes fadistas não se tenha esgotado e nos possam brindar com outros êxitos.

Paulo Soares
Coimbra, Maio de 2009

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