Reconheça-se que não é fácil lotar um teatro com setecentos lugares, sim, com setecentas pessoas a ouvir a Canção de Coimbra numa noite fria de Janeiro. E em Castelo Branco, por onde havíamos passado uma única vez nestes vinte anos. E para um programa previamente anunciado, do qual não constavam nenhum dos grandes chavões (“Samaritanas”, “Santas Cruzes” e quejandos) que tradicionalmente são tão do agrado de qualquer público. E ainda por cima com o Benfica a jogar na televisão em canal aberto, coincidindo nos horários.
Apesar de tudo isso, a sala encheu-se, e de que maneira. A ponto de algumas dezenas de pessoas terem ainda assim ficado à porta sem conseguir um desejado ingresso. Verdadeiramente espantoso.
Para tudo isto contribuiu, claro, a óptima promoção efectuada pela Câmara Municipal de Castelo Branco – a melhor, sem dúvida, desde que começámos este ciclo de espectáculos – que incluía tarjas e “muppies” espalhados um pouco por toda a cidade.
Contribuiu também, e de que maneira, o Conservatório Regional de Castelo Branco e as suas Orquestras, incluindo os seus dirigentes, Directora e Maestro, e jovens músicos que tão brilhantemente fizeram emparelhar grandes nomes da música clássica com as nossas tão modestas composições. E, sobretudo, com a sua simpatia e camaradagem.
Não esquecemos aqui também o Miguel Rito e o Nuno Roberto, os nossos técnicos, que tudo fizeram para que as coisas corressem sobre rodas. E correram mesmo...
O programa não diferiu do que temos vindo a fazer, embora se note que está cada vez mais mecanizado e natural. Começam a parecer tão longínquos os tempos em que os programas eram feitos à base de “tradicionais”...
As pessoas foram para ouvir Fado de Coimbra e por isso estiveram sempre muito receptivas ao que de novo iam ouvindo, mesmo que tal estivesse a acontecer pela primeira vez.
A novidade desta apresentação teve a ver com algo ainda por nós não antes utilizado: a multimédia. Todo o espectáculo foi sincronizado com fotografias alusivas ao grupo, a Coimbra, às serenatas, aos temas que se iam cantando e aos poemas cantados. Teve a sonoridade marinha da entrada de “Ficarei até morrer” e a preocupação na definição de um espectro sonoro semelhante ao que ficou registado no disco.
Coube, desta vez, ao João Carlos a apresentação inicial e de fundo sobre o que se ia passar durante aquela noite. E, apesar dos nervos bem escondidos, e de lhe ser tão pouco habitual a trivial arenga, o facto é que se saiu brilhantemente dessa tarefa. Até parecia nunca haver feito outra coisa na vida. Aliás, só parece ter-lhe feito bem uma vez na vida ter tido a responsabilidade da organização duma apresentação do grupo. É possível que tenha aprendido bastante com isso...
Os albicastrenses foram igualmente muito afectuosos nas conversas havidas pós-espectáculo, com incentivos vários e pedidos de regresso em breve.
Ainda por cima, coincidente com o fim do espectáculo a largada de fogo de artificio a partir das torres do castelo...
Espectáculos destes, muitos...
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