quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Crónicas de cima do palco... (Coimbra, Café de Santa Cruz, 06.12.2007)


A expectativa era grande. Tão grande que cheguei cedo a Coimbra, lá pelas seis da tarde. No Café de Santa Cruz, para além do normal rebuliço daquele fim de tarde, apenas o "Grande" Afonso se atarefava, com os seus ajudantes, na montagem do aparato de som que tão eficaz se mostrou, noite a dentro.
Como ainda era cedo fui esticar as pernas para a Ferreira Borges até à Portagem e voltei. Primeira nota de espanto: não ouvi uma única palavra em português em todo o percurso, apenas castelhano. Bandos, famílias, jovens e menos jovens. Pareciam estar por todo o lado e ainda me perguntei se estaria na cidade certa.
De regresso ao Café, já lá encontrei o Jorge, e os outros foram chegando pouco a pouco. Até alguns da Estudantina por lá apareceram ainda antes de jantar...
Feito o som, pouco depois das oito, fomos jantar, deixando um Santa Cruz já praticamente cheio. Com um pouco de sorte, no Cantinho do Reis no Terreiro da Erva, lá nos arranjaram um cantinho, uma sopa da pedra e uns bifes que nem tivemos tempo de terminar, pois já estava na hora.
De volta ao Santa Cruz, já não se rompia... Havia gente por todo o lado. Lugar sentado, nem pensar. Pessoas distribuídas à volta da sala encostadas às paredes. Corredores intransitáveis, mesmo para os empregados da casa.

A Estudantina apresentou-se bem. Aliás, bem melhor do que se ouvia dizer nos últimos tempos. Dos que estiveram, o mais velho, tinha vinte e dois anos. Sim, vinte e dois anos. Pode ser que assim tudo volte ao bom caminho. Chamaram o Vicente e o João Carlos para tocar a “Boémia”, tendo o primeiro, depois, solado a “Dedicação”, já com todos os estudantinos presentes em palco. Muito bom. Certinho e afinadinho.
Pequeno intervalo, e, sem tempo para nervos, lá vamos nós.
Coimbra sempre seria “O” espectáculo. O mais difícil e exigente. Porém, tudo correu pelo melhor e acabou por se passar rapidamente sem que pesasse nos dedos ou nas gargantas. Reconhecemos que estavam lá sobretudo os amigos, os colegas, a família, em suma, os que gostavam de nós. Da famosa “quinta coluna”, dos críticos, nem um ar. Se estavam, não demos por eles. Se disseram mal (costume da terra), ninguém os ouviu. Aliás, pesa-nos por esse facto um silêncio gostoso. Em Coimbra, a ausência da crítica, o silêncio, sempre foi a melhor crítica que se pode ter...
Ela veio no dia seguinte, sim, pela mão do Eduardo, mas essa é especial e toca as emoções, as palavras soltas no ar, não todo o resto que envolve a edição de um disco da canção de Coimbra.
O espectáculo acabou com a Balada de 89, como previsto. E foi delicioso aquele coro das centenas de pessoas presentes que a conheciam de cor e salteado.
No fim, o gozo do abraço aos amigos, alguns dos quais não víamos à tanto tempo. E tantos nomes podia aqui deixar, não o fazendo por ir seguramente esquecer algum. Mas tantos colegas de Faculdade, de outros grupos do nosso tempo, de simples anónimos, figuras gradas e entidades.
Foi bom, mesmo muito bom. Tanto, que se augurou a possibilidade de repetir o espectáculo no fim do conjunto de apresentações de lançamento. A ver vamos, mas é bem possível que sim...

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