quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

“Obras-primas” de Carlos Paredes recordam aniversário do artista




Antigos companheiros improvisaram peças nas guitarras que o músico deixou à cidade onde nasceu há 85 anos.
Seis anos depois da morte de Carlos Paredes, amigos e antigos companheiros reuniram-se ontem para evocar o artista, aproveitando a data que assinala o aniversário do mestre da guitarra portuguesa, nascido em Coimbra a 16 de Fevereiro de 1925.
As duas guitarras que o músico deixou à cidade voltaram a fazer-se ouvir, através do mestre Jorge Gomes, que contou um pouco da história dos instrumentos. «São duas guitarras únicas, fruto do trabalho de Artur Paredes, iniciado em 1920 até à sua morte», explicou o músico, que acompanhou o pai de Carlos Paredes. «A constante audição do aparelho, o diálogo com o construtor, e a procura deste em encontrar novos sons no instrumento, de acordo com a vontade do guitarrista, tornam-nas obras-primas», continuou, antes de chamar alguns antigos alunos da Escola de Guitarra de Artur Paredes para experimentarem um improviso.
Manuel Ribeiro não tocava há 32 anos, mas ontem aceitou o desafio de acompanhar o antigo professor, e dedilhar uma das guitarras do mestre, recordando uma Variação em Ré maior número dois, de Artur Paredes. «Isto é uma maravilha, até ensina a tocar», exclamava, contente, antes de dar o lugar a um dos mais novos alunos de Jorge Gomes, responsável pela Escola de Fado da Secção de Fado da Associação Académica de Coimbra.
«Quero que experimentes, porque é uma oportunidade única», incentivava Jorge Gomes. Construídas com «a pontuação bastante saliente para permitir a execução, estas são guitarras irrepetíveis», garantia o professor.
No museu Edifício Chiado, a homenagem aos artistas, pai e filho, apesar de singela, teve casa cheia a provar que a cidade ainda não esqueceu dois dos maiores vultos do fado/canção de Coimbra.
«Espero que a autarquia saiba a grandeza da responsabilidade que é ter à guarda estes instrumentos, a nível de conservação, manutenção e restauro», deixou o mestre Jorge Gomes.
Artigo de Sofia Piçarra, DC 18.02.2010

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