terça-feira, 15 de setembro de 2009

CRÓNICAS DE CIMA DO PALCO – (CARTAXO 12.09.2009)




Evocar Zeca Afonso é sempre uma responsabilidade por tudo o que ele significa para a Canção de Coimbra – por tudo o que ele construiu e por tudo o que ele destruiu.
Além do mais, este regresso ao Cartaxo onde anualmente se pratica este acto de enorme dignidade também só podia ser encarado com orgulho pela repetição da presença que já ali tínhamos tido em 2003, então ainda a seis.
Desta vez no recente Centro Cultural, dotado de interessantes arquitectura e funcionalidades, fomos uma vez mais fraternalmente recebidos pelo mestre-de-cerimónias, o Sr. Portela, que uma vez mais nos fez sentir em casa.
Também o Presidente da edilidade, o Dr. Paulo Caldas, nos fez sentir o calor deste feliz regresso.
Tivemos um teste de som complicado apesar da óptima qualidade dos técnicos sobretudo talvez pela pressão das horas a que o mesmo foi feito, seguido de um jantar talvez já um pouco apressado.
O público foi muito caloroso na meia hora que nos foi atribuída – cremos que igualmente o terá sido para os restantes grupos participantes – reagindo sobretudo, e curiosamente, quer nos temas de autoria do próprio Zeca quer na nossa balada de 89 com que encerrámos a participação.
Estruturámos o programa começando com “meia” Balada do Mondego, que o nosso amigo Octávio Sérgio executou magistralmente no célebre concerto do Coliseu (82), passando por fados clássicos com que José Afonso abraçou e se reconciliou com a Canção de Coimbra (“Contos Velhinhos” e “Saudades de Coimbra”), por temas de sua autoria (“Traz outro amigo também” e “Menino D’ Oiro”), por temas de seus contemporâneos (“Capa Negra, Rosa Negra”), por temas posteriores que o homenagearam (“Canto a Coimbra”), concluindo com a Balada de 89 em que quisemos deixar uma imagem impressiva da própria identidade do grupo. Atento o tempo disponível, e que mesmo assim excedemos, foi cortado o “Vira de Coimbra” que também fazia parte do alinhamento.
Curioso e amigável também o período que passámos com esse ícone da música popular e de intervenção portuguesa, Pedro Barroso, cuja simpatia e cordialidade não podemos deixar de registar e de quem ouvimos algumas interessantíssimas “estórias”. Por fim, o reencontro com outro grande da música de Coimbra, Luís Filipe Roxo, actualmente radicado no Cartaxo. Dedica-se nesta altura exclusivamente à sua actividade de guitarreiro – tivemos oportunidade de já noite alta visitar a sua oficina e ver e tocar, por exemplo, as guitarras que neste momento está a acabar para José Ourives e Octávio Sérgio. A sua discrição é impressionante. Quem diria que ali está quem tantas vezes acompanhou todos os grandes juntamente sobretudo com António Portugal e Pinho Brojo em trabalhos, por exemplo, como os “Tempos de Coimbra”. Foi bom ouvir da sua boca tanto conhecimento, experiência e sabedoria. Mais um amigo firme a quem regressaremos sempre que possível.

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