quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Uma "estória" - O Fado do Parentesco ou como ficar sem gasolina na autoestrada


Há muitos anos, mais precisamente em Dezembro de 1988, ainda o grupo estava a sedimentar-se faltando ainda o Alcides relativamente à formação que veio a ficar cristalizada, ocorreu uma daquelas "estórias" que ficaram para contar. Resumidamente, foi assim...

Fomos convidados para participar no Natal dos Hospitais, em transmissão directa a partir do Hospital da Prelada, no Porto, aliás, conjuntamente com a EUC.
Mas como na altura ainda tivemos de ir pela Maceira (Leiria) onde o João Carlos dava aulas, não fomos na secular "Laurinda" mas sim no Citroen Visa do Vicente. Este era à data um veículo quase mítico em Coimbra com a sugestiva matrícula FD-69-69 pelas muitas peripécias em que esteve envolvido.
Atrasados, como convinha, pudemos experimentar a fase "Michel Vaillant" do Vicente, o que trouxe alguns calafrios. Convém recordar que, à época, ainda não estava aberto o troço da A1 a Sul de Condeixa, pelo que tivemos de nos deslocar pela N1, com tudo o que isso implicava a uma sexta-feira.
Mas lá chegámos ao Porto, mais ou menos a tempo e horas. A apresentação teve algumas peripécias que aprofundaremos noutra altura, sendo a maior a desafinação instantânea dos instrumentos causada pelos projectores de iluminação necessários.
Com todas as aventuras vividas ninguém se lembrou de olhar para o nível de combustível do Visa.
No regresso vínhamos na gargalhada a ouvir e transcrever a letra dum fado humorístico duma K7 ( na altura ainda pouco se falava em CD's que ainda nem estavam disponíveis para automóvel).
E o inevitável aconteceu: Ficámos sem gasolina a menos de um quilometro da saída da portagem em Coimbra.
A assistência demorou e bem torceu o nariz quando nos viu de capa e batina. Mas lá meteu uns litros de "gasosa" que custaram os olhos da cara, reunidos entre trocos dos bolsos de uns e outros.
Chegados à A.A.C., mais um suspiro de alívio e umas grandes gargalhadas...

Por termos agora localizado a letra do tal fado, a seguir transcrita, aqui a deixamos com um sorriso nos lábios.


FADO DO PARENTESCO
Neca Rafael / Miguel Ramos *fado margaridas*
Repertório de Neca Rafael

Há dias visitei um hospital
De doidos, onde vi bastante gente
A curar a doença, o grande mal
Que me fez perguntar a um doente

Porque é que veio p'raqui, meu bom amigo
Ele então fitou os olhos bem em mim
E respondeu: senhor eu já lhe digo
Porque é que eu um dia p'raqui vim

Casei com uma viúva minha amada
Que tinha uma grande filha e muito bela
Ficou portanto, sendo minha enteada
Mas o meu pai depois casou com ela

Minha mulher é sogra de meu pai
Meu pai é meu enteado, oh que sarilho
Mas porque isto da ideia não me sai
É que a minha madrasta teve um filho

Seu filho era meu irmão, coisa horrorosa
Meu pai era meu genro, que aflição
Meu irmão, era neto de minha esposa
Ora portanto eu era avô de meu irmão

Senti em aguarelas meu miolo
De tanta baralhada e tudo a esmo
Mas o tolo me pôs aquase tolo
Ao dizer que era avô já de si mesmo

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