segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Crónicas de cima do palco... (Viseu, Teatro Viriato, 24.11.2007)

Foto José Alfredo


Foi um daqueles dias em que não parecia termos já feito centenas de espectáculos juntos. Notava-se, desde o meio da tarde, um nervoso miudinho e um forte sentido de responsabilidade. Afinal, Viseu tem forte história junto do grupo. Já tocámos para muitas entidades e em muitas circunstâncias por aqui ao longo dos últimos vinte anos. Temos muitos amigos, família e colegas, por cá. Ahhh, e, claro, a Infantuna que tanto nos diz, em especial a mim e ao Vicente.
Eles foram impecáveis. Cumpriram horários, tiveram o comportamento do costume – inatacável. Ainda por cima, à última hora, “obrigaram-me” a vir de fora da cortina directamente para o meio deles para cantar uma das músicas do meu tempo. Depois despacharam mais meia dúzia de temas de forma limpinha, onde meteram mais algumas autorias minhas e do Vicente. Entre elas, Piazzola só com vozes e piano, terminando com a versão coreografada do “Indo eu...”


Veio o intervalo e os nervos a aumentar para todos nós os seis. Tanto que até caímos na velha ratoeira de afinar nos camarins em vez de no palco, com uma diferença de temperatura de talvez mais de seis ou sete graus. O que, durante o concerto, causou os problemas do costume e tínhamos a obrigação de prever.
Depois, logo no início, apesar da sala cheia, a indecisão do público quanto ao poder ou não aplaudir cada peça. Felizmente, o Alcides teve a presença de espírito suficiente para, com elegância, levar tudo ao devido lugar.
Mas era uma daquelas ocasiões em que tudo parecia fazer comichão. Até a cadeira me parecia mais alta dez centímetros do que deveria. A sensação era de algum desconforto.
Depois, no entanto, as reacções passaram a ser mais espontâneas e tudo correu com normalidade, tirando a parte algo lamechas que foi a explicação do significado do “Renascer”. Valeu pelo reforço da afirmação da amizade que nos une e pela salva de palmas que, a final, foi tributada ao Rui pela soberba interpretação.
As guitarradas correram bem e sem grandes “pregos”. Melhor que isso, depois de ver a gravação, até descansei: foi tudo melhor do que o que pareceu lá em cima.
A parte final foi magnífica. Os últimos fados correram muito bem. A intervenção do Dr. Fernando Ruas foi sóbria mas calorosa, apropriada ao momento. A Balada de 89, com a ajuda da Infantuna e os arranjos do Dionísio Vila Maior assumiu uma perspectiva quase sinfónica, tendo funcionado muito bem. O espectáculo não poderia ter acabado de melhor forma.
No final, o convívio com quem tinha estado transmitiu a sensação do agrado geral, com muita emoção à mistura, algumas fotografias e descompressão geral.
Em suma: valeu a pena.
Só que depois os nervos recomeçaram... Coimbra está já aí à porta...

Sem comentários: